Índice de Endividamento Geral: um sintoma de uma empresa

Ultimamente estamos utilizando a palavra “sintoma” de forma recorrente devido ao cenário de pandemia em que vivemos. Pois bem, o endividamento, no que tange a uma análise QUANTITATIVA, pode ser considerado o sintoma de uma empresa. E o que fazer quando a percepção de um sintoma ocorre?

Análise

O índice de endividamento serve para isso. Para fazermos uma análise quantitativa desse sintoma (endividamento), pois assim podemos visualizar de forma analítica o quão nocivo ele é e qual atitude tomar ante o cenário de dívida, passivo, juros, amortização e riscos no geral.

Peter Lynch, um grande investidor e gestor de fundos, afirmou em um de seus livros que não investe em empresas que possuem dívidas, pois elas não podem quebrar. Ora, sabemos que as coisas não são tão simples assim, afinal muitas empresas só conseguiram prosperar porque em algum momento contraíram dívidas para se capitalizar e crescer, no entanto é verdade que muitas empresas foram à ruína, também, por causa das dívidas. 

O objetivo do artigo não é debater a qualidade dos financiamentos e o impacto de dívidas onerosas no sucesso dos agentes, até porque temos desde Eike Batista com bilhões de financiamento de investidores e um final trágico, até Flávio Augusto, transformando 20 mil do cheque especial em empresa de bilhão. O índice de endividamento geral serve para saber quanto do meu ativo está comprometido com a dívida. Simples assim: pego o total da dívida e divido pelo meu ativo, chegando ao percentual que me mostrará que parte do ativo “não é meu”.

O Índice de Endividamento Geral analisa o endividamento da empresa. Mede proporcionalmente quanto dos ativos são financiados por terceiros de acordo com a fórmula:

EG = CAPITAL DE TERCEIROS (passivo de curto prazo + passivo de longo prazo)

Seguimos o exemplo a seguir:

Se o total do ativo somou R$ 9.000,00 e a dívida soma R$ 2.400,00, (R$ 1.900,00 + R$ 500,00) basta aplicar a fórmula e teremos um endividamento geral de 26,66%.

Esse indicador é considerado quantitativo, ou seja, sabemos que 26% do ativo está comprometido com a dívida. 

No entanto é importante entender a QUALIDADE desse endividamento, esse “sintoma” apenas mostra o impacto deste tipo de financiamento no meu ativo. Isso não é necessariamente bom ou ruim, até porque apenas com esse dado não temos a informação do que motivou o financiamento, nem sabemos onde esse recurso foi aplicado e nem mesmo o custo desse passivo.

O índice de Endividamento Geral é um dado macro que transmite para o investidor qual o apetite da empresa ao risco de crédito, pois o escore bancário da empresa é danificado à medida que ela eleva seu índice, tendo em vista que o endividamento oneroso seja mais plausível em um momento de crise ou turbulência interna. Quando esse índice ultrapassa 50% do ativo, o mercado liga um alerta na maioria das vezes, e o mesmo serve como um motivador para que os analistas investiguem na minúcia se a empresa está se financiando de maneira saudável a ponto de comprometer seus resultados de longo prazo.

A qualidade do financiamento de uma empresa será determinante para o seu sucesso. Uma empresa que se financia com os fornecedores, por exemplo, é uma geradora de caixa; uma empresa que possui EG alto e amortiza esse passivo a curto prazo é uma consumidora de caixa. Iisso muda a posição da empresa em relação aos desafios do dia a dia e compromete o futuro delas.

Por fim, independentemente se você é um investidor ou proprietário de um negócio, o EG deve ser apontado mensalmente para que você estipule um percentual confortável e opere caso ele ultrapasse o limite que você estipulou para essa determinada empresa, pois assim você aumenta as chances de não ser surpreendido futuramente com alguma dificuldade que não haja solução. Esse alerta servirá para os momentos de crescimento, onde contestar as fontes de financiamento ajudará a manter sua empresa saudável, e também nas dificuldades, onde antecipar-se ao pior cenário será possível através dessa gestão ativa que você está fazendo baseando-se em análise fundamentalista.

Nem sempre encontrar esses números e organizá-los de forma fidedigna é tarefa fácil para o gestor. Nossos investimentos em empresas listadas na bolsa são fáceis de analisar. No entanto, nossas empresas e investimentos em negócios menores muitas vezes não são apresentados da forma como gostaríamos. Ou seja, qual o índice de liquidez da startup que investi meses atrás? Qual o ROE que o restaurante que comprei ano passado está apresentando nesse trimestre? Qual foi o impacto da nossa estratégia na redução do EG do último semestre?

Essas questões podem ser respondidas através de controle e gestão financeira ativa. Para isso, busque nossas alternativas de consultoria financeira e comece a gerar indicadores financeiros para suas empresas e investimentos. Através de uma análise fundamentalista, seus gestores poderão ser cobrados de forma profissional, entendendo o impacto de suas decisões e assim melhorá-las no dia a dia.