Você não precisa ter sucesso para ser feliz, mas precisa ser feliz para ter sucesso. Essa é a premissa de O Jeito Harvard de Ser Feliz, o aclamado livro do autor e palestrante norte-americano Shawn Achor, árduo defensor da teoria positivista.
Com essa obra, Achor ajudou pessoas do mundo inteiro a superar obstáculos, livrar-se de maus hábitos, tornar-se mais eficientes e produtivos, beneficiar-se ao máximo das oportunidades, alcançar suas mais ambiciosas metas e atingir todo o seu potencial.
Hoje nós vamos falar então desses 7 princípios e detectar de que forma eles podem nos ajudar no mundo das finanças e da gestão financeira. Vamos lá!
1. O Benefício da Felicidade
Shawn Achor acredita que podemos re-treinar o cérebro para capitalizar a atitude positiva e melhorar nossa produtividade e desempenho. Antigamente, acreditava-se que o sol girava em torno da terra, mas a ciência se retratou posteriormente provando que a terra que girava em torno do sol, e não o contrário.
Essa analogia serve para as pessoas que ainda acham que a felicidade gira em torno do sucesso, uma ilusão desmontada na pesquisa do autor. Ele sugere que, ao invés disso, é o sucesso que gira em torno da felicidade, ou seja, quanto mais felizes somos mais bem-sucedidos nos tornamos. Nosso estado de espírito e nossas atitudes positivas alteram a forma como somos percebidos, e também a nossa realidade.
Nas finanças…
Acredito que a “felicidade” ou o “sol” do livro seria o caixa da empresa, ou seja, a capacidade que a empresa tem de gerar caixa. Isso significa uma operação financeira focada em fluxo de caixa para que o gestor consiga enfrentar os momentos de turbulência, crises, além de ter serenidade na hora de fazer a precificação do seu produto.
Essa estratégia trará uma gestão transparente que possuirá indicadores de atividades atrativos, além acarretar vantagem no cálculo do valuation (que usa o método de fluxo de caixa descontado) considerado como o melhor método de avaliar empresas. Nesse caso, a sua empresa vai sempre valer mais.
2. O ponto de apoio e a alavanca
Aqui, o autor discorre sobre a nossa capacidade de prosperar no mundo e defende que ela depende da nossa atitude mental, isto é, quando mudamos o ponto de apoio, quebramos os paradigmas, tal como a fórmula de Arquimedes que dá o exemplo da gangorra, com o garoto mais pesado, embaixo, que vai sendo levantado na medida em que o ponto de apoio vai mudando, sem que o menino mais leve precise ganhar peso.
Nas finanças…
Aqui, encontramos o ponto mais semelhante com as finanças. De fato, a mudança da gestão ocorre justamente quando os sócios começam tornam-se conscientes da dificuldade a começam a mudar a sua atitude em relação à gestão financeira do negócio.
Através de mecanismos de controle, os indicadores financeiros traz à luz questões básicas do que não fazer. Por exemplo, saquear a empresa como se todo o dinheiro que está “disponível” seja usado para gastos pessoais ou aproveitar todas as “oportunidades” de crédito quando o banco os oferece, sem levar em conta a taxa, prazo e a capacidade de pagamento.
Portanto, a mudança de atitude mostra que não é só aumentando as vendas que se gera mais dinheiro para o sócio, e sim uma mudança de atitude, que pode trazer o resultado esperado de forma indireta.
3. O efeito Tetris
Quando o cérebro fica preso a um padrão que foca no estresse, na negatividade e no insucesso, ficamos condicionados ao fracasso. Esse princípio nos ensina como re-treinar o cérebro para que ele identifique padrões de possibilidade, de forma que possamos perceber – e aproveitar – as oportunidades que encontramos pelo caminho.
“Tetris” é aquele joguinho famoso de preencher buracos que faz com que a gente saia por aí preenchendo os buracos dos prédios na imaginação. Ou seja, o cérebro se adapta e fica fissurado nos eventos, tal como um filme que nos inspira, acelera nosso coração ou nos dá medo.
Sabemos que não é real, mas mesmo assim o corpo responde como se fosse. Então devemos ficar atentos ao ambiente em que vivemos, tentando migrar para os produtivos, pois se não forem, nosso corpo responderá ao negativismo e ao estresse.
Nas finanças…
Não é possível tomar decisões econômico-financeira sob o ambiente de estresse do seu negócio. O gestor tem múltiplas funções dentro da empresa, portanto ele não pode executar e efetuar a gestão financeira. É imprescindível um olhar independente. O gestor precisa de alguém que enxergue de fora e faça uma avaliação fria e calculista dos números da empresa, algo sem a contaminação do ambiente e dos gatilhos emocionais que nos acompanham.
4. Encontre oportunidades na adversidade
Diante da derrota, do estresse e da crise, o cérebro mapeia diferentes caminhos para nos ajudar a sobreviver às adversidades. Este princípio diz respeito a encontrar o caminho mental que não só nos tira do fracasso ou do sofrimento, mas também nos ensina a ser mais felizes e mais bem-sucedidos.
Aqui, Achor não se refere a aprender com os erros ou ficar atento às janelas (o que também é interessante), mas a colocar-se em situações difíceis para que a adversidade faça seu papel de que “a crise é a mãe da criatividade”. Enfrentar a dificuldade é forçar o cérebro no sentido de buscar mudanças no mapa mental para sair da situação atual. Portanto sair da zona de conforto e buscar a adversidade pode ser um exercício para o cérebro.
Nas finanças…
Tenha o interesse certo pela gestão financeira da sua empresa, quero dizer que você deve terceirizar, se cercar de bons profissionais e ficar longe da operação, mas na hora de analisar os dados, procure entender o que são os indicadores, para que eles servem e como eles podem lhe ajudar a aplicar melhor sua gestão. Esse exercício de trazer coisas novas para a sua empresa e ser apresentado a um mundo que você não conhecia até então, aumentará seu ângulo de visão e lhe tornará um gestor melhor.
5. O círculo do Zorro
Quando nos vemos em dificuldades e nos sentimos sobrecarregados, nossa lógica cerebral pode ser dominada pelas emoções. O sexto princípio em O Jeito Harvard de Ser Feliz nos ensina a retomar o controle, concentrando-nos primeiro em metas pequenas e factíveis e, só depois, expandindo o nosso círculo para atingir metas maiores.
Zorro aprendeu a lutar dentro de um pequeno círculo, e assim que conseguia se defender nele foi aumentando o seu espaço na arena até ficar bom em tudo. Isso remonta a nossa dificuldade de executar tarefas árduas e extensas, enfrentando a ansiedade dos dias atuais. Por isso, é recomendado distribuir as tarefas em pequenas doses e executá-las parcimoniosamente de tal forma que vençamos sempre e ganhemos mais conhecimento.
Nas finanças…
Não se pode fazer tudo ao mesmo tempo. Existe o momento de análise do histórico da empresa (como ela efetua pagamentos e recebimentos, por exemplo), além do apontamento das distorções e dos gargalos que devem ser melhorados. Há um momento de estratégia, onde a identificação das origens das transações nos levam na direção dos cenários e projeções, sendo elas (a) pessimista, (b) moderada e (c) otimista. Por fim, há a execução, ou seja, as ações que devem ser implementadas juntamente à equipe para obter os resultados desejados..
6. A regra dos 20 segundos
Muitas vezes, sentimos que é impossível manter uma mudança por muito tempo porque nossa força de vontade é limitada. E quando nossa força de vontade falha, voltamos aos nossos velhos hábitos e sucumbimos ao caminho da menor resistência.
O sexto princípio de O Jeito Harvard de Ser Feliz que destacamos na publicação de hoje nos mostra como, por meio de pequenos ajustes de energia, é possível redirecionar o padrão da menor resistência e substituir maus hábitos por bons. Reprogramar a mente em 20 segundos para agir.
Isso funciona se colocarmos a roupa de correr antes de desistir, se descermos do prédio antes de sair etc. Simplesmente contar 3, 2,1.. reprograma nosso cérebro para agir, portanto, usar os 20 segundos que pensamos se vamos fazer ou não agindo, já faz com que nossa mente seja reprogramada.
Nas finanças…
A palavra de ordem aqui é: rotina financeira. Implementação de uma rotina de pagamentos, emissão de notas fiscais e lançamentos no controle financeiro da empresa. Obviamente que o tesoureiro da empresa não precisa re-treinar seu cérebro pra efetuar suas atividades, mas estabelecer a melhor forma de ajuste fará com que ele opere em perfeita sincronia. Assim, a gestão terá a segurança e a agilidade que é necessária para agir conforme as coisas que acontecem na empresa.
7. Investimento social
Diante de dificuldades e estresse, algumas pessoas escolhem se isolar e se retirar para dentro de si mesmas. Mas as pessoas mais bem-sucedidas investem nos amigos, colegas e parentes para continuar avançando. O sétimo e último princípio apontado por Achor nos ensina como investir melhor em um dos mais importantes fatores preditores de sucesso e excelência: nossa rede social de apoio.
Aqui, o ponto é “socializar”, ou seja, investir na rede social de apoio, que é basicamente o segredo da felicidade. Ter boas relações com pessoas que a gente gosta, simples assim. Importante ressaltar que isso não requer características como popularidade ou quantidade de pessoas com que nos relacionamos e, sim, qualidade.
Nas finanças…
Acredito que do ponto de vista da pessoa jurídica, o melhor a se fazer é aplicar uma parte dos ganhos em instituições de caridade com cunho social e incentivar um excelente convívio entre os colaboradores. Isso lhe trará prosperidade financeira, mesmo que não esteja diretamente relacionado com teoria de finanças.
Resumo da ópera (ou do livro)
Recomendo muitíssimo a leitura de O Jeito Harvard de Ser Feliz. O livro traz, sobretudo, diversas pesquisas feitas na melhor universidade do mundo. Todos os princípios estabelecidos por Shaw Achor são abordados sob uma perspectiva leve, ancorados na vivência do próprio escritor.
Naturalmente, condicionamos as ideias centrais do texto para o mundo da gestão financeira, pois sempre existe alguma correlação entre o mundo das finanças e os principais insights desenvolvidos pelos grandes autores e pensadores.